No dia 6 de maio meu pai, Nelson Marchioro, 77 anos, fez uma cirurgia para implantação de 3 pontes de safena. O cirurgião, reputado como o melhor do estado, nos disse que a cirurgia havia corrido maravilhosamente bem. Em questã�o de dias meu pai estaria em casa.
Ocorre que, ou o cirurgião ou um de seus assistentes não percebeu que uma artéria havia sido cortada por engano. Aquela pequena incisão permitiu que uma hemorragia ficasse roubando as forças do meu pai por todo o dia até que, na madrugada do dia 7, somada a um entupimento do dreno, ele teve uma parada cardíaca.
Os médicos responsáveis demoraram quase vinte minutos para reanimá-lo, causando um extenso e irreversível dano cerebral.
Por 45 dias ele permaneceu em coma até que, na quinta-feira passada, dia 19 de junho, seu quadro se tornou instável. Na sexta, dia 20, os médicos não conseguiram mais estabilizar sua pressão nem os batimentos cardíacos. Ele faleceu em torno das 15:00 horas.
Ao longo deste período encontramos no hospital profissionais verdadeiramente dedicados, para quem a medicina é um sacerdócio. No entanto, aqueles que por imprudência, negligência ou imperícia causaram a morte do meu pai, provaram que o exercício da medicina pode ser algo desumanizante. Que “aquilo” que está na mesa de cirurgia ou na cama da UTI é só uma coisa. E que “aqueles” que vêm ali tentar saber alguma notícia, boa ou má, são só um incômodo a ser tratado com desrespeito, condescendência e má vontade. Estes serão julgados por sua própria consciência quando desencarnarem. Sinto afirmar que eles vão sofrer a pior das dores: a moral.
Ressalto que encontramos profissionais inacreditavelmente devotados. Médicos e enfermeiras para quem as mais belas palavras e os mais profundos agradecimentos não passariam de um pálido reflexo do que eles mereceriam. Mas são os que deixaram de compreender a natureza humana, estes sim, que dão má fama à categoria.
Gostaria de agradecer a força que todos os nossos amigos e parentes geraram para meu pai e minha família ao longo dos 45 dias em que ele ficou em coma.
Ao longo deste período minha mãe sempre comentou que só estava agüentando a situação toda pela força gerada pelas orações dos amigos. O mesmo se aplica para mim, para minha esposa Nancy, meus irmãos, cunhadas e sobrinhas.
A vida ainda está estranha e a cabeça fica ocupada com tudo o que aconteceu. Mas logo logo eu me “levanto”, ok?
Preciso de um tempinho para mim.
Como eu disse para um grande amigo, quando passamos por um período como o que enfrentamos ao longo dos últimos dias é como se estivéssemos na margem de um rio perigoso, muito agitado e profundo.
Mas existe uma passagem. Um caminho. As pedras estão logo abaixo da superfície e são firmes. Confiáveis.
Cada pedra desta é um amigo. Cada ato, palavra, gesto ou atitude faz com que avancemos um passo a mais.
Foi reconfortante saber que vocês todos nos ajudaram nesta travessia.
Obrigado.
mas q saudades daq!!
foi bom eu ter vindo pois já tinha me esquecido de com aq é tão lindo!!!
boa semana!
Rems
Rapaz, eu nem sei nem o que dizer … pois eu fui um dos que rogaram para que seu pai melhorasse e estivesse de pé novamente. Sei o que é sofrer uma grande perda – até hoje ainda lamento muito minha avó ter falecido tão cedo quando ainda tinha tanta coisa pra fazer no mundo – mas uma coisa eu digo. Quer queira ou não, a vida continua. Sei que a situação deve estar muito difícil, sei que às vezes algumas coisas devem doer na lembrança e algumas lembranças devem trazer lágrimas, mas onde quer que esteja seu pai deve estar orgulhoso de ter deixado tesouros tão grandes espalhados pelo mundo. Você, Fábio, é um deles. E, no dia em que você tiver a verdadeira noção disso, com certeza vai se levantar e caminhar firme, lembrando só das coisas boas mas sem se deixar dominar pela tristeza.
Bom, é isso. Que pena que nunca podemos ajudar os amigos quando eles estão distantes.
Abraço e força,
Falex
De coração, que Deus te dê força.
beijo,
Anah