Adoro “Call of Duty: Black Ops”. Ponto final.
Semana passada estava esperando uma pessoa chegar aqui em casa e decidi jogar um pouquinho. Só um pouquinho. Preciso me cuidar se não vou ser descoberto seis meses depois de morto, ainda na frente da TV e com o controle do Xbox nas mãos.
Para quem não conhece, “Call of Duty: Black Ops” é uma simulação de guerra onde você, além de jogar encarnando o personagem principal ao longo de uma história bem tramadinha, pode ainda batalhar pela internet, em diversos cenários, fazendo parte de times compostos por pessoas do mundo inteiro. Já joguei com um piá de 12 anos que mora no meu prédio, bem como com gente da Índia, UK, França, Portugal, Estados Unidos e Brasil.
Sempre existe uma demora de 1 minuto (+-) entre cada partida e, nestes momentos, na parte debaixo da tela, aparecem estatísticas do jogo. Não as da partida que você acabou de jogar, mas os números globais do jogo: quantas missões já foram jogadas desde que o game foi lançado, quantas bandeiras foram capturadas (um dos estilos de partida), quantos veículos foram detonados, etc.
Fiquei chocado quando foi exibido o tempo total, de todas as partidas de todos os jogadores do mundo inteiro. Somados, passamos jogando o equivalente a 102.000 anos.
Vou repetir de outra forma – e quero fazer a ressalva, de novo, do quanto gosto do jogo – no mundo inteiro (inclusive no Br) milhões de pessoas gostam de COD-BO e jogam diariamente. Algumas pessoas jogam várias horas por dia. A estatística mostrou que, quando pegam o meu tempo total de jogo, mais o “seu”, mais o do Zé, mais o do Fudêncio de Etc e Tal e vão assim, mundo afora, somando estes tempos, no final, passamos naqueles cenários virtuais o que equivale a mais de cento e dois mil anos. Isto não é “game time” – é tempo real, do nosso mundinho daqui da realidade mesmo.
Fiquei preocupado – 102.000 anos! Não quero dar aqui uma de moralista babaca, e sou o primeiro a defender que precisamos de diversas formas diferentes de diversão. Mas, carai véio… 102.000 anos! Pense, em termos absolutos, onde estava a humanidade há 102.000 anos. O quanto evoluímos e o quanto foi produzido pela humanidade neste tempo.
O que nós, jogadores, produzimos nestes anos todos que passamos jogando? Picas. Ou em uma gíria inglesa que adoro: diddly squat.
Afirmo – não vou parar de jogar. Nunca. E, adiantando, não… este texto não é reflexão gerada por crise de idade porque este ano vou fazer 50 anos (a propósito, estão todos convidados).
Mas depois de ter visto as estatísticas, posso afirmar que estou passando MUITO menos tempo jogando. Graças a isto que, na sexta-feira passada, pela primeira vez, tirei da minha harmônica algo que não foi ruído.
E era até agradável de ouvir.