Aqui em Curitiba tem gente que resolveu instalar no carro um bagulhinho que toca o hino do seu time de futebol. Aquela música eletrônica, estridente, alta, que adere ao cérebro e fica aporrinhando o dia inteiro. Eu estava literalmente caçando um cara que passava perto do meu apartamento e tocava aquela droga de música. Estou temporariamente morando no primeiro andar de um edifício que fica em uma das esquinas mais movimentadas da cidade e nem mesmo o ruído dos automóveis e ônibus estava me incomodando tanto quanto o cara da “musiquinha”. E lá vinha ele… duas a três vezes por dia. No domingo passado descobri quem é o palhaço. Como no andar térreo no nosso prédio funcionam dois botecos (daqueles bem fuleiros) aparece por ali todo tipo de gente. Normalmente são desocupados, bêbados e “loosers” de todos os tipos. Inclusive aqueles que acham que a vida os tratou mal e que o lugar para desabafar suas frustrações é ali. O que acontece é que provavelmente o cara da música tem um desafeto qualquer que frequenta os botecos. Eu estava na esquina esperando uma pessoa que vinha pegar um zip drive e vi o babaca. Ele veio dirigindo bem devagar, olhando para dentro dos bares e de repente seu rosto se iluminou. Ele deve ter visto o desafeto (ou o amante) lá dentro e então a droga da música inundou a rua. Alta, estridente e desagradável. Estou com uma dúzia de ovos esperando por ele, do lado da janela.