Alice

Ela morava em um edifício amarelo, decadente. Estava descalça, usava só uma saída de banho azul marinho e disse que se chamava Alice.

Não sobrou dinheiro para o presente do Augusto, meu amigo secreto daquele ano. Dei só uma desculpa, pois Alice ficou com tudo. Deixei, como ela pediu e segundo a tradição, em cima da mesinha de cabeceira. Alta, comparada ao colchão que ficava no chão.

Felipe e eu fomos levados lá pelo Olavo, descobridor e primeiro desbravador da Alice. Nosso guia naquela aventura ficou esperando lá em baixo. Ele já era um homem. Alice era a responsável.

Naquele instante ela cuidava do Felipe. Culpa do par ou ímpar. Ele ganhou. Foi antes. Subiu a estreita escadinha um menino. Entrou no apartamento um adolescente, deitou no colchão um rapaz e desceu as escadas um homem.

Felipe foi transformado em homem 20 minutos antes do que eu. Ele sorria, depois, atravessando a rua em direção à marquise do boteco onde Olavo e eu nos refugiáramos da garoa que caía. Felipe, seus pés mal tocando o chão, se bem me recordo, planou sobre o asfalto e a calçada em nossa direção.

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30, 25, 3

30, 25, 3

Foi a seqüência de números que coloquei no cadeado: 30, uma volta completa para a esquerda continuando até o 25 e avançando devagarzinho que o 3 tá perto.

Clanc. Não abriu.

Repeti: 30, volta completa, pára no 25 e desta vez volta para o 3. Clanc.

Merda.

Tomei um gole de água. Fingi que não era comigo. Os caras no vestiário da academia fazendo de conta que não sacaram que o besta aqui esqueceu o segredo do cadeado. Mais um gole.

Primeira vez que, com água, engoli em seco.

30, 25, 3. Não.

Será que era 25, volta completa, para no 30 e vai para o 3? Tentei.

Clanc.

Tenho certeza que o último é o 3. Acho… não! Tenho certeza. E que começa com um dos dois outros.

30, 25, 3. Clanc.

25, 30, 3. Clanc.

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Maldita Porcina

Adoro, sempre que possível, dividir experiências. Acho que foi por isto que me tornei jornalista. A Gazeta do Povo, de Curitiba, publicou uma crônica minha sobre meu flerte com a Gripe Suína.
Leia aqui.

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Regra da Inversa Proporcionalidade do Valor Pessoal

Na hora de procurar emprego e antes de aceitar uma proposta de trabalho devemos levar em consideração o que achamos que valemos, o que o mercado acha que valemos, o que o empregador acha que valemos, o que o empregador acha que vamos aceitar apesar do que o mercado e nós mesmos julgamos que valemos e o total das contas que temos que pagar no fim do mês.
No topo da pirâmide as contas atingem seu poder máximo e nossa auto-estima o valor mínimo.
Sendo que a única certeza da vida é a impermanência, jamais possuiremos as “coisas” que a gente compra, mas elas, pelas contas, nos possuem.
Droga. Nunca mais vou olhar para o meu Xbox da mesma forma.

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Magia e o Cérebro

A revista Wired publicou um artigo sobre a neurociência da ilusão usando como exemplos certos truques da dupla Penn & Teller.
Você tem que ver isto:
The trick illustrates the seven basic principles of magic: palm, ditch, steal, simulation, load, misdirection, and switch.”

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