Vergonha

Primeiro Tempo
Os brasileiros se revelam sempre que lhes é dada a oportunidade. E que melhor situação para isto do que uma copa do mundo de futebol. Ao vivo. Para o mundo inteiro. Pelas mãos, pelos pés e pela falta de caráter de um jogador de futebol. De um time inteiro. De um povo inteiro.
Não vou perder tempo explicando o que todo mundo já deve ter visto em detalhes. Basta dizer que um tal de Luizão cavou de forma grosseira um pênalti no jogo da seleção brasileira contra a Turquia. Foi a única forma de ganhar uma partida que, caso contrário, custaria a cabeça de muitos daqueles imaturos-super-pagos-cafajestes jogadores de tufebol.
Segundo Tempo
Que aqueles palhaços que estão ca Coréia façam coisas assim, já se esperva. Mas que o resto do povo seja conivente, me dá nojo. Esta matéria saiu hoje na Gazeta do Povo. Leia aqui a matéria completa.
O que os jornalistas escrevem reflete o que pensa a maioria (não a totalidade, graças ao Altíssimo) do povo brasileiro. Os comentários, são meus.


MARCUS VINICIUS GOMES E RODRIGO FERNANDES
Ulsan (Coréia do Sul)
Nenhum torcedor desejava que a vitória brasileira na partida de estréia na Copa do Mundo de 2002 chegasse desta maneira. Mas, também, ninguém reclamou. É claro!
“É claro”. Como se o óbvio e o correto fosse este.
Afinal, todo mundo gosta de ganhar presentes.
Não estou nesta categoria. Não sou todo mundo. Roubaram minha identidade.
Minutos depois, o próprio atacante se desmentiu. “Foi pênalti. Está certo que eu ajudei o árbitro, mas fui puxado dentro da área”, afirmou ele. “Claro que é preciso um pouco de malandragem”, completou.
Claro. Claro. É sempre muito claro. É assim que a maioria pensa. Vai ser bom ser brasileiro quando um cafajeste como este Luizão for recebido no Brasil como um safado, não como um herói.
Rivaldo preferiu não polemizar e disse que, independente da penalidade, a seleção brasileira mereceu a vitória pelo que apresentou durante a partida. “Nós tivemos mais chances, por isso o placar foi justo”.
Justo. Como em “justificável”, no que se refere à atitude de Luizão. Como em “os fins justificam os meios”. Todo o mundo, expresso aqui no sentido de toda a população mundial e não na idéia de “muita gente”, viu que não foi pênalti. Falta compreensão para esta gentinha que em uma arena mundial como a copa do mundo é que se mostra de que um povo é feito. Aquelas crianças mimadas que estão na Coréia, estão nos representando. Quando eles agem de forma irresponsável, de má-fé, somos todos nós que somos vistos assim. Vale a pena pagar este preço para ganhar um joguinho da Turquia em um campeonato de futebol? O prêmio não é um troféu bonitinho. É o estigma que todos temos que carregar na testa.
O “mundo da bola”, também, ficou estupefato ao perceber que o Brasil precisou de uma mãozinha da arbitragem para passar pela Turquia. E os torcedores brasileiros, que preferem a vitória na bola, ficaram preocupados.
Mentira. O que a maioria dos brasileiros quer é o que ouvi de um universitário ontem na faculdade: Só interessa é que a gente ganhou. Imbecil. Não! Pensando bem acho que tenho vontade de ofender aquele menino xingando ele assim: seu brasileiro.
Eu quero acreditar… eu preciso acreditar que existe saída para um país como o nosso. Somos acomodados, e isto precisa mudar. Estou aqui fazendo minha parte. E você? Eu posso estar errado. Mas no futuro, se eu constatar isto, posso voltar neste post e alterar. O futuro, vai ser o mesmo se não fizermos nada. Pois o que acontece em campos de futebol, se repete em outros campos: na política, na economia, no direito, no jornalismo, nas religiões. O pequeno é o grande infinitamente reduzido. O microcosmo é reflexo do macro. O que acontece na Coréia acontece na nossa cidade, no nosso trabalho, na nossa família. Repito: com este post estou fazendo a minha parte. E você?
Prorrogação
Para que um comportamento humano seja considerado “ético”, deve ser definido por quatro parâmetros:
1 – manutenção da identidade
2 – alteridade
3 – relacionamento com o ambiente e a natureza
4 – transcendência
1 – É quase auto-explicativo. É necessário que o ser humano mantenha sua identidade, não importa o que aconteça, não importa “quem” aconteça. Imposições externas não podem ser limitantes. Eu, sou eu.
2 – É o meu relacionamento com os outros. Com as pessoas que gosto. Com as pessoas em que acredito.
3 – tbm é evidente. É a forma como me integro, ou não, no ambiente que me cerca, minha casa, minha cidade, meu grupo social.
4 – minhas crenças superiores. Meu sistema de crenças, a divindade em que acredito. O poder superior que me dá esperança.
Quando faço um post como este, quero deixar claro que o que “Os Luizões Brasileiros” fazem é anti-ético.
E isto me ofende. Tentam roubar minha identidade, dizendo que todos os brasileiros gostam de futebol e compactuam com atitudes assim. Não é verdade. Tentam violar meu relacionamento com as pessoas que me cercam e o meu ambiente, impondo om comportamento social considerado “aceitável”, pois o que importa, “é que a gente ganhou…” … a gente ganhou o pênalti, o jogo, a eleição, o processo… e assim por diante. E seviciam minha “transcendência” ao tentar consolidar historicamente um comportamento errado, a coisa do jeitinho, da vantagem. Tiram a esperança do indivíduo.
Como eu disse anteriormente, quem pensa assim é a “maioria” e não a “totalidade”. Quero acreditar que existe esperança. É o que estou fazendo aqui. Afirmando minha esperança. Afirmando minha identidade, assegurando meu relacionamento com meus próximos e com o meio e deixando clara a minha crença, que existe alternativa. Mas parte de cada um de nós.

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