Todos os posts do dia de hoje são dedicados a uma experiência. Como último trabalho do último bimestre do último ano do curso de jornalismo, o professor de Webjornalismo pediu que nossa equipe criasse um site de notícias na internet. Uma vez que seria praticamente impossível atrair tráfego para um site em tão pouco tempo, optamos por disponibilizar os textos em um site já existente, com a finalidade de tentar atrair alguns comentários sobre as matérias.
Unicenp – Fábio Marchioro (4º ano) – Jornalismo
Negro contra Negro
A revista semanal Newsweek publicou em 1999 o resultado de uma extensa pesquisa sobre a viol�ncia urbana. O relatório abalou a opinião pública americana e teve repercussões no mundo inteiro pois deu ênfase a um aspecto pouco estudado e considerado um tabu: a violência étnica.
Foram analisados processos em trâmite em todas os graus da justiça, dados fornecidos por ONGs, associações de bairro, instituições de direitos humanos e grupos religiosos para se tentar compor um quadro confiável da violência étnica nos EUA. Conhecer todos os detalhes de um problema é dar o primeiro passo para resolvê-lo.
Desta forma, cada ato violento, assim caracterizada qualquer agressão praticada por um indivíduo contra outro ou outros indivíduos, foi tabulado em função do sexo e da origem étnica do perpetrante. Foram então cruzadas estas informações com as das vítimas e a constatação foi alarmante: o grupo mais violento era aquele composto por homens negros.
Criando ainda mais controvérsia, os pesquisadores constataram que a maioria absoluta dos atos violentos praticados por aquele grupo, foram cometidos contra outros homens negros. Em segundo lugar aparecem na pesquisa os atos violentos praticados por homens negros contra mulheres negras.
Somente a partir do terceiro lugar aparecem outros grupos (hispânicos, brancos e asiáticos), mesmo assim até a sexta colocação um dos pólos destas relações violentas é sempre ocupado por uma pessoa negra. Os motivos, como era de se esperar, são sociais, econômicos e culturais.
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Não há dúvida que se uma pesquisa assim fosse realizada no Brasil, os resultados seriam similares. Talvez até ainda mais assustadores. No entanto é claro que jamais seria realizado aqui um levantamento desta importância, magnitude, seriedade e profundidade, pois não interessa ao governo federal, nem às instituições privadas que poderiam financiar tal estudo, expor um problema tão grave e tão bem enterrado na consciência dos brasileiros.
No Brasil, é histórica a raiz deste problema que, se não for encarado de frente, corajosamente pela populção, não será resolvido. Para todos os efeitos, e para quase todas as pesquisas, aqui não existe racismo. Contraditoriamente, é justamente o racismo o gerador dos problemas sociais responsáveis pela situação do negro brasileiro.
No último censo, mais de 90% da população afirmou não ter qualquer preconceito, mas o mesmo número afirmou conhecer outras pessoas, normalmente familiares, que o têm. Percebe-se então que esta situação vem sendo perpetuada por uma “política oficial” de se negar a existência do racismo no nosso país. Em território brasileiro, pelo menos oficialmente, prevalece um paraíso racial onde todos são irmãos e todos têm as mesmas chances. Isto não é verdade.
Só 4% dos negros conseguem entrar em um curso superior e, de forma geral, profissionais negros ganham menos do que os de outras raças. Tal situação, entre outras, conduz a um estado de carência, opressão e subserviência que acaba desembocando na violência.
Esta situação ainda passa pelo problema das pessoas negarem sua própria condição. No mesmo censo, no quesito referente à atribuição da própria cor pelo entrevistado, constatou-se 136 respostas diferentes, variando do “branco desbotado”, passando por diversos tons diferentes até se chegar ao “negro”.
É necessária a implantação de uma política de conscientização de todos os segmentos da população para que se evitem fatos como o de uma (das muitas) chacinas ocorridas em um bar em São Paulo, em cuja investigação os policiais envolvidos eram todos brancos, e onde todos os principais suspeitos presos eram negros. Alguns meses depois foram apreendidos os verdadeiros culpados do crime: eram todos brancos.